sexta-feira, 23 de julho de 2010

Encontros (parte 2)


Passaram breves momentos e ele ficou paralisado com aquela imagem. Ela trazia um vestido azul e os seus compridos cabelos louros esvoaçaram com a movimentação do ar.
Os seus olhares encontraram-se quando ela passou por ele. Os olhos dela - reparou - eram  azuis, de um azul como ele nunca tinha visto.
Ela seguiu, aparentemente indiferente à atenção de que era alvo e juntou-se às suas amigas numa mesa próxima.
Os bêbados haviam finalmente abandonado a jukebox. A música ambiente fazia-se agora em tons de Katie Melua e ele conhecia aquela música de cor. The closest thing to crazy, era o seu nome e era uma das suas músicas preferidas.
Fez sinal ao bartender e pediu mais um gin tónico. Para ganhar coragem - pensou.
Lançou mais um olhar ao grupo de raparigas. Mostravam-se aparentemente divertidas. O doce aroma do perfume dela ainda pairava no ar. Já se havia apaixonado por outras mulheres mas com aquela finalmente entendeu o que era o amor ao primeiro olhar, à primeira vista.
Um sentimento de insegurança tomou-o de assalto e nesse momento ela lançou-lhe um olhar.
Ele sorriu-lhe de volta. Um sorriso tímido. Criou-se por momentos uma atmosfera entre ambos e ele continuava sem saber como agir. Baixou a cabeça e fingiu mexer no seu telemóvel. Precisava de ganhar tempo. Precisava de se acalmar. Definitivamente os contactos sociais não eram o seu forte.
A ansiedade e a timidez estavam a tomar conta do seu discernimento.
Pegou numa caneta e retirou do suporte um guardanapo de papel. Nele escreveu o seu número de telefone destinando-o à "rapariga de olhos azuis".
Sentia-se a fraquejar. Sentia-se impelido a chegar à fala com ela, a dizer algo, mas ainda não tinha ainda coragem. O gin não estava a funcionar...
De onde estava ouvia as raparigas a conversarem. A voz dela era doce e harmoniosa, devia ter uns 28 ou 29 anos. O seu grupo conversava sobre um livro que o namorado de uma delas havia publicado recentemente. A pura da loucura - pareceu-lhe ouvir uma delas dizer. O nome não lhe era estranho.
Os seus olhares cruzaram-se novamente e ela sorriu. Ele sorriu também. Timidamente, como de costume. Eles estavam a observar-se mutuamente e à socapa e o clima estava criado.
Vai lá, fala com ela! - pensava para si mesmo.



...continua...

1 comentário:

mim disse...

Volto a sublinhar que não é autobiográfico...