Que existem centenas de milhar de desempregados em Portugal, é comum ouvir todos os dias. Que muitos desempregados já não têm “vontade” para trabalhar e tudo por causa dos seus subsídios de desemprego, até o Sócrates sabe.
Agora, que os desempregados tenham vergonha de melhorar as suas competências e capacidades é novidade para mim.
E isto tudo porquê?
Eu gosto muito de visitar livrarias. Adoro livros e um livro é a maior e melhor prenda que me podem dar (pequena indirecta pois o meu aniversário é dentro de 42 dias) e portanto é relativamente comum encontrarem-me a visitar livrarias. Não há muito dinheiro para gastar mas ao menos estou atento às últimas novidades. E as miúdas adoram gajos cultos. E ao contrário de qualquer geek que se preze, prefiro ter um bom livro a um bom gadget. Até porque é mais barato. E não, não me considero geek.
Numa dessas minhas incursões pelo mundo (infelizmente desconhecido para muitos) das livrarias surgiu uma situação algo estranha e quiçá, caricata junto à prateleira dos livros da colecção “Para Totós”. Eu estava junto a passar perto desta prateleira por acaso. Ficava a meio caminho entre os livros de Sexologia Cosmologia e os livros de Mecânica Quântica. Aproximei-me da prateleira “Para Totós” no preciso momento em que uma jovem se debruçava para apanhar o livro “Entrevistas de Emprego Para Totós”. Esta, notando a minha presença, atrapalhou-se um pouco, fingiu que não era aquele livro que pretendia e seguiu para a prateleira dos livros de economia. Apropriado.
Nota 1: Não há que ter vergonha de estar desempregado e querer melhorar as suas hipóteses de conseguir emprego.
Conselho 1: A melhor maneira de conseguirem um emprego é desenvolverem a vossa própria rede de contactos, o chamado networking social. Palavras chiques para pessoas-que-vos-podem-futuramente-meter-uma-cunha.
Nota 2: Os livros “Para Totós” não são desprestigiantes. No entanto digo-vos isto sem conhecimento de causa pois nunca tive necessidade de ler nenhum.
Conclusão: Portugal está em crise e não há vergonha em querer participar da sua recuperação. Não há desonra alguma em estudar um livro sobre entrevistas de emprego.
Mesmo que seja para totós.